sábado, 18 de outubro de 2008

Terceiro Capítulo: Tudo certo! Nada Resolvido!



As meninas fingiram que não a viram entrar e continuavam conversando como se ela não estivesse ali.
- Desculpa a demora - disse tentando entrar no clima.
Sentou-se na poltrona amarela e olhou pela janela, o céu estava escuro e sombrio.
- Quer uma cerveja? - Disse uma das meninas, cortando a conversa entre elas.
Todos se calaram.
- Quero sim! - Poucas vezes havia bebido.
- Bom, vamos nos apresentar- disse a garota que já a conhecia- Bom você já me conhece, sou Marina, moro aqui em São Paulo a pouco mais de 1 ano e trabalho em uma loja no Shopping Morumbi. Vocês agora meninas.
A primeira a falar foi uma garota de cabelos loiros e piercing no nariz.
- Sou Fernanda. Tenho 25 anos. Moro nesta casa de loucas a 3 anos. Sou a mais velha da casa, por isso me obedeça.
Todas riram em meio a piadinhas que a chamavam de "avó da casa".
- Sou a Chechéu.
E a última.
- Oi ! Pode me chamar de Tavares, já que também me chamo Marina. Trabalho em uma advocacia. E você, trabalha em que?
Vitória ficou apenas deslumbrando os cabelos, as roupas e os sapatos das garotas que pareciam descoladas como as meninas da sua época de colégio e que nunca conseguiu conversar com elas.
- Não estou trabalhando ainda, estou procurando algo. Até mesmo se vocês souberem de algum lugar me avisem, por favor.
- Ah eu sei de um lugar que te contratariam bem rápido.
Vitoria estalou os olhos:
- Onde?
- Tem uma casa logo ali na Augusta. Chama-se Cocobongo. É só você dançar e mostrar as pernas.
Todas riram, exceto Vitória que simulou um sorriso.
- Ou cambista na 25 de março! - brincou Chechéu.
- Eu estou pensando em algo mais limpo.- Sorriu sem graça.
- Mais limpo? Já sei Catadora de Latinhas.
Todas riam descompassadas.
Já no quarto, sentada na cama, derramava lágrimas de desapontamento. Foi um fracasso a reuniãozinha. Parecia que nada mudou, que continuava sendo a bobinha do interior. Não conseguia conversar direito, ou até mesmo entrar em uma brincadeira.
- Vou voltar para o interior!
Então sua porta abriu. Era Marina. Aquela que aparentava ser a mais sensata.
- Posso entrar? Está chorando?
Vitoria abaixou a cabeça.
- Entra! Disse ainda com a cabeça baixa.
Marina, sentando a beira da cama, tentou consolá-la:
- Não fica assim, elas estão apenas brincando. Todas nós passamos por isso no começo. É como se fosse Boas-vindas, entende?
- Entendo sim - Levantou a cabeça - Mas acho que o problema sou eu, sabe? Parece que não sei em comunicar direito. Sou uma boba. E resolvi que vou voltar para o interior. Talvez este realmente não seja meu lugar.As coisas não estão dando certo.
Marina levantou da cama e foi até a janela. O céu agora estava claro e com uma faixa de luz da lua refletindo no quarto.
- Como você sabe? Você acabou de chegar! - Disse Marina em tom de esperança. - Te digo apenas uma coisa: São Paulo é a cidade da diversidade, aqui você vai encontrar pessoas de todos os jeitos, todos os estilos e todas as cores. É a oportunidade de você ser diferente, ser realmente você. E a única certeza que você terá é que nunca saberá a hora de voltar, já que não sabe o que acontecerá se continuar aqui. Você tem que tentar, tem que arriscar.
- Realmente - sorriu Vitória- Não sei o que vai acontecer amanhã não é?
- Exato ! - Exclamou Marina puxando Vitória pelas mãos - Agora se arruma, pois as meninas já estão quase prontas.
- Mas já é meia noite, aonde iremos?
- Você já foi em alguma balada aqui?
- Não!
- Então hoje é o dia!

9 comentários:

Ana Célia disse...

eeeba...capitulo novo!
Adorei!

Anônimo disse...

Bom, não vi os outros dois.
Vou ler tudo e depois comento decentememte...
Beijo.

www.oquevocequerserquandocrescer.blogspot.com

Anônimo disse...

Estava lendo a descrição do seu blog, deve ser mesmo uma barra viver em Sampa, principalmente para você que vem do interior.
Um abraço!

Se Liga Jovem disse...

Sensacional o blog! Muito bom mesmo!

invadido disse...

Peguei o bonde andando... preciso ler os capítulos anteriores para entender a história.

Euzer Lopes disse...

São Paulo... Uma cidade que tem braços para receber todo mundo e dentes para devorar os fracos.
Seria a seleção natural de uma cidade que detêm o poder de ser a mais misteriosa e instigante metrópole do Brasil?
São Paulo não é um lugar para quem já chega achando que "vai perder a briga".

Erich Pontoldio disse...

Os fracos não aguentam 15 dias nessa cidade de loucos....mas nossa amiga ja vai pra balada, vai se divertir, arrumar um garotão e esquecer de voltar pro interior.;

Anônimo disse...

que massa pô!

LETÍCIA CASTRO disse...

Deliciosa a história! Sou paulistana e conheço essa realidade de perto, muito legal mesmo. Adorei a parte do "ser vc mesma".
Beijos!