sábado, 4 de outubro de 2008

Inicio de uma história sem um fim.






Quando olhou pela janela do prédio, não sabia se São Paulo correspondia às suas expectativas.
- Aqui estou! - Pensou
Abriu sua mala. Suas roupas eram sem graça, sem cor, sem costura. Afinal não poderia usar mais aqueles trapos morando na "Capital do estilo". Separou peça a peça em dois montes: os aproveitáveis e os impossíveis de utilizar. Quando terminou, mudou de idéia e jogou tudo fora. Ainda tinha sua economia que a manteria viva, pelo menos o primeiro mês. Mas poderia ficar "desencanada", seus pais ajudariam assim que precisasse.
O apartamento-pensão era simples, as moradoras ainda desconhecidas e em seu quarto apenas uma cama, sua mala e uma janela grande.
Da janela era possível ver todos os prédios possíveis e nunca imaginados, era possível bisbilhotar no prédio ao lado, onde cada janela correspondia a uma vida.
Tudo era lindo, um pouco diferente, mas lindo.
Não era possível imaginar que estava ali. Com uma vontade de conquistar seu mundo e colocar a bandeira com seu nome escrito.
Afinal ela sentia como propriedade de si. Agora mandava e desmandava, tomaria banho ou não, deixaria de ser virgem, a bobinha do interior, a queridinha dos pais... seria simplesmente quem a quis por muitos anos e nunca pode. Seria feliz.
Estava com fome, precisava comer algo naquele bar simpático que viu ao chegar. Desceu pelas escadas arriscando encontrar algum rosto pelo caminho. Viu apenas o porteiro na entrada do prédio.
No bar, escolheu o lanche que costuma comer no interior, porém com o dobro do preço. Não queria bebida alguma. Entre catchups e queijos um casal chamou sua atenção. Aparentavam estar apaixonados, com olhares fixos, vozes calmas e sorrisos sempre presentes. Ela não lembrava mais o que era amar. Esqueceu todos os sentimentos no interior.
- Preciso trabalhar e não me casar. - sussurou para si.

Os pensamentos voavam, não sabia se ria ou chorava de felicidade. O que restava naquele momento era dormir, estava cansada da viagem, havia muita coisa a construir no dia seguinte. Antes de fechar os olhos lembrou-se da frase que sua avó disse antes de sair de casa: "Fé é o pássaro que sente a luz e canta quando a madrugada é ainda escura". Dormiu.

7 comentários:

Número 07 disse...

Legal!

Curti seu blog!

Abs

Anônimo disse...

Muito legal!
Adorei o conto.
Sempre quis ir a São Paulo, um dia dou uma passada por aí.
Interessante ver a sua visão da cidade.

Anônimo disse...

Uá...
Indicar é que nem parceria?
Se for sim!
É claro!
Faça o que quiser é casa é sua!
(tanto o seu blog como o meu, sinta-sem em casa!)

Neuro-Musical disse...

Sao Paulo
que saudade d laah
minha terra nataal hehe
agra eu to em MG

www.curiosomundodoscuriosos.blogspot.com

Buscando parcerias!

Feänor disse...

Interessante seu conto... Me identifiquei com ele. De certa forma, me fez lembrar minha experiência pessoal com São Paulo.

Ao chegar lá, tudo é belo, tudo é maravilhoso. Afinal, a extravagância da novidade sempre nos atrai.

Porém, quando o novo se torna desgastado, as cores passam a se perder no antes vibrante quadro que pintamos da cidade em sua chegada, e ao menos para mim, terminei com uma pintura dadaísta em preto-e-branco - as mesmas cores que enxergo para o caos que personifica a própria cidade.

E eu acho que a história tem, sim, um fim, ou pelo menos uma moral: o que importa são os sonhos, a imaginação, nunca a conclusão. Que a última fique com os físicos e matemáticos.

Abs!

Fábio Flora disse...

Interessante a personagem chegar à cidade grande cheia de sonhos e expectativas, cheia de si, determinada a fazer o que lhe der na telha, mas ir até o bar mais próximo e escolher justamente o lanche que costumava comer no interior. Detalhe aparentemente bobo que dá "humanidade" à sua personagem. Abraços!

Unknown disse...

Li o primeiro capítulo e gostei. Bom os momentos de relfexão da jovem. Só não concrdo com ela em relação as belezas dos prédios. Mas aí é uma questão pessoal. Vlw. Voltarei para ler mais.

http://escondidin.blogspot.com/