sábado, 25 de outubro de 2008

Eloá e Lindenberg: A Bela e a Fera dos tempos modernos.


Como tudo que é novidade e torna-se rotineiro, estamos frente ao momento de matar a pessoa que não te ama. Se você não é correspondido e ama muito alguém, assim como Eloá e Lindenberg, será melhor matá-la? Será uma nova forma de amar? Ou o "Para sempre, sempre acaba", realmente termina, mas com fim trágico.
Os tempos realmente são outros. Os escritores românticos sofriam por amor. Sentimento primoroso em não ser correspondido. Isto mesmo! Por não ser correspondido, a amada continuava intacta e ilesa, como uma musa, uma obra de arte.
Mais tarde a paixão por Amélia, aquela que "não tinha a menor vaidade... era mulher de verdade".
Hoje temos mulheres com independência financeira, que trabalham, cuidam de casa e que procuram seus direitos. A mulher moderna.
Não posso generalizar em meio a "cachorras" e "popozudas" e mulheres frutas (Melancias, peras e morangos expostos em feira livre).
Cora Coralina, escritora, inteligentemente escreveu uma poesia sobre essa mutação feminina, isso no ano de 1965: "Que eu possa dignificar/ Minha condição de mulher,/Aceitar suas limitações/ E me fazer pedra de segurança/ dos valores que vão desmoronando"
Mulher é sim sentimental, sabem o que querem, são autênticas, mas muitas delas esqueceram o que é o amor pelo homem perfeito.
Homem perfeito você encontrará apenas nos Contos de fadas da Disney!
Realmente a história mudou.
O Príncipe encantado fica na pele Fera até o fim dos tempos e a mulher tem que viver o "Feliz para sempre", imaginando que ali dentro talvez viva um príncipe escondido.
E caso você não o ame, seja sutil para não ter fim trágico. Faça-o virar vegetariano e ir à busca de alguma frutinha de final de feira por ai, não é?

sábado, 18 de outubro de 2008

Terceiro Capítulo: Tudo certo! Nada Resolvido!



As meninas fingiram que não a viram entrar e continuavam conversando como se ela não estivesse ali.
- Desculpa a demora - disse tentando entrar no clima.
Sentou-se na poltrona amarela e olhou pela janela, o céu estava escuro e sombrio.
- Quer uma cerveja? - Disse uma das meninas, cortando a conversa entre elas.
Todos se calaram.
- Quero sim! - Poucas vezes havia bebido.
- Bom, vamos nos apresentar- disse a garota que já a conhecia- Bom você já me conhece, sou Marina, moro aqui em São Paulo a pouco mais de 1 ano e trabalho em uma loja no Shopping Morumbi. Vocês agora meninas.
A primeira a falar foi uma garota de cabelos loiros e piercing no nariz.
- Sou Fernanda. Tenho 25 anos. Moro nesta casa de loucas a 3 anos. Sou a mais velha da casa, por isso me obedeça.
Todas riram em meio a piadinhas que a chamavam de "avó da casa".
- Sou a Chechéu.
E a última.
- Oi ! Pode me chamar de Tavares, já que também me chamo Marina. Trabalho em uma advocacia. E você, trabalha em que?
Vitória ficou apenas deslumbrando os cabelos, as roupas e os sapatos das garotas que pareciam descoladas como as meninas da sua época de colégio e que nunca conseguiu conversar com elas.
- Não estou trabalhando ainda, estou procurando algo. Até mesmo se vocês souberem de algum lugar me avisem, por favor.
- Ah eu sei de um lugar que te contratariam bem rápido.
Vitoria estalou os olhos:
- Onde?
- Tem uma casa logo ali na Augusta. Chama-se Cocobongo. É só você dançar e mostrar as pernas.
Todas riram, exceto Vitória que simulou um sorriso.
- Ou cambista na 25 de março! - brincou Chechéu.
- Eu estou pensando em algo mais limpo.- Sorriu sem graça.
- Mais limpo? Já sei Catadora de Latinhas.
Todas riam descompassadas.
Já no quarto, sentada na cama, derramava lágrimas de desapontamento. Foi um fracasso a reuniãozinha. Parecia que nada mudou, que continuava sendo a bobinha do interior. Não conseguia conversar direito, ou até mesmo entrar em uma brincadeira.
- Vou voltar para o interior!
Então sua porta abriu. Era Marina. Aquela que aparentava ser a mais sensata.
- Posso entrar? Está chorando?
Vitoria abaixou a cabeça.
- Entra! Disse ainda com a cabeça baixa.
Marina, sentando a beira da cama, tentou consolá-la:
- Não fica assim, elas estão apenas brincando. Todas nós passamos por isso no começo. É como se fosse Boas-vindas, entende?
- Entendo sim - Levantou a cabeça - Mas acho que o problema sou eu, sabe? Parece que não sei em comunicar direito. Sou uma boba. E resolvi que vou voltar para o interior. Talvez este realmente não seja meu lugar.As coisas não estão dando certo.
Marina levantou da cama e foi até a janela. O céu agora estava claro e com uma faixa de luz da lua refletindo no quarto.
- Como você sabe? Você acabou de chegar! - Disse Marina em tom de esperança. - Te digo apenas uma coisa: São Paulo é a cidade da diversidade, aqui você vai encontrar pessoas de todos os jeitos, todos os estilos e todas as cores. É a oportunidade de você ser diferente, ser realmente você. E a única certeza que você terá é que nunca saberá a hora de voltar, já que não sabe o que acontecerá se continuar aqui. Você tem que tentar, tem que arriscar.
- Realmente - sorriu Vitória- Não sei o que vai acontecer amanhã não é?
- Exato ! - Exclamou Marina puxando Vitória pelas mãos - Agora se arruma, pois as meninas já estão quase prontas.
- Mas já é meia noite, aonde iremos?
- Você já foi em alguma balada aqui?
- Não!
- Então hoje é o dia!

sábado, 11 de outubro de 2008

Segundo Capítulo - Rosa em Preto e Branco


Ao acordar, estranhou o ambiente em volta. Havia esquecido que não estava mais em seu quarto cor de rosa com abajur de renda, onde carregava seus sonhos de menina. Lembrou-se de todos os detalhes da sua casa do interior. Seus momentos apaixonada pelo rapaz mais popular do colégio, que nunca notou sua presença na classe.
Era hora de levantar. Deveria imprimir seus currículos e começar a saga atrás de um emprego. Não deixaria seus sonhos serem apagados, mesmo que ainda não soubesse bem o que queria. Poderia ser qualquer emprego que ajudasse a estruturar suas vontades.
Quando chegou a porta do banheiro comunitário, viu uma garota sentada no banco do corredor.
- Bom dia! Você deve ser a nova inquilina que chegou ontem, estou certa?- Perguntou a garota
- Sim ! - Não precisava falar mais que uma afirmação, um "sim" já era suficiente.
- Veio de onde?
- Uma cidade ao lado de Aparecida do Norte - Não precisava falar o nome real da sua cidade, ninguém conheceria mesmo.
- Legal! Qual seu nome?
- Vitória - Era a primeira vez que havia falado seu nome em São Paulo - E o seu?
- Marina! Você precisa conhecer as outras meninas. O que vai fazer hoje a noite?
- Nada !
- Ótimo! Nos encontramos as 10, na sala! Tudo bem?
- Sim!
Entrou no banheiro sentindo-se uma idiota completa. A primeira oportunidade de fazer uma amiga, desperdiçou. Porém ficou ansiosa com a possibilidade de conhecer pessoas novas.
Foi para a rua entregar seus currículos. Restaurantes e empresas de contabilidade em volta do apartamento já saberiam seu nome. Em todos os lugares que ia era sempre o mesmo diálogo: "Sou nova aqui em São Paulo e já trabalhei neste ramo. Preciso com um pouco de urgência." Mesmo que fosse mentira, pois nunca havia carregado uma bandeja. A necessidade de liberdade financeira dos pais gritava mais alto.
Ao anoitecer, cansada de tanto andar, tomou um banho demorado, afinal seus poros pareciam entupidos de poluição. Deveria ficar bem apresentável para as outras meninas.
- A primeira impressão é a que fica. – Pensou consigo.
Abriu a sacola, onde estava uma blusinha que viu na vitrine de uma loja. Era verde. Puxou o cabelo em um rabo longo e fino. Sentia-se bem daquele jeito.
Chegou apreensiva até a sala. Então parou antes de chegar na entrada. Ouviu:
- Ela falou pouco comigo - reconheceu a voz, era da garota que viu pela manhã - Ainda não está no clima da capital, né?
Armou um sorriso no canto da boca e entrou na sala.
Eram 4 meninas que estavam sentadas despojadamente em qualquer canto. Cada uma com uma lata de cerveja na mão. Tinha que dar o melhor de si. Parecer simpática e despojada. Não seria a "toupeira" do interior. Não mais!

sábado, 4 de outubro de 2008

Inicio de uma história sem um fim.






Quando olhou pela janela do prédio, não sabia se São Paulo correspondia às suas expectativas.
- Aqui estou! - Pensou
Abriu sua mala. Suas roupas eram sem graça, sem cor, sem costura. Afinal não poderia usar mais aqueles trapos morando na "Capital do estilo". Separou peça a peça em dois montes: os aproveitáveis e os impossíveis de utilizar. Quando terminou, mudou de idéia e jogou tudo fora. Ainda tinha sua economia que a manteria viva, pelo menos o primeiro mês. Mas poderia ficar "desencanada", seus pais ajudariam assim que precisasse.
O apartamento-pensão era simples, as moradoras ainda desconhecidas e em seu quarto apenas uma cama, sua mala e uma janela grande.
Da janela era possível ver todos os prédios possíveis e nunca imaginados, era possível bisbilhotar no prédio ao lado, onde cada janela correspondia a uma vida.
Tudo era lindo, um pouco diferente, mas lindo.
Não era possível imaginar que estava ali. Com uma vontade de conquistar seu mundo e colocar a bandeira com seu nome escrito.
Afinal ela sentia como propriedade de si. Agora mandava e desmandava, tomaria banho ou não, deixaria de ser virgem, a bobinha do interior, a queridinha dos pais... seria simplesmente quem a quis por muitos anos e nunca pode. Seria feliz.
Estava com fome, precisava comer algo naquele bar simpático que viu ao chegar. Desceu pelas escadas arriscando encontrar algum rosto pelo caminho. Viu apenas o porteiro na entrada do prédio.
No bar, escolheu o lanche que costuma comer no interior, porém com o dobro do preço. Não queria bebida alguma. Entre catchups e queijos um casal chamou sua atenção. Aparentavam estar apaixonados, com olhares fixos, vozes calmas e sorrisos sempre presentes. Ela não lembrava mais o que era amar. Esqueceu todos os sentimentos no interior.
- Preciso trabalhar e não me casar. - sussurou para si.

Os pensamentos voavam, não sabia se ria ou chorava de felicidade. O que restava naquele momento era dormir, estava cansada da viagem, havia muita coisa a construir no dia seguinte. Antes de fechar os olhos lembrou-se da frase que sua avó disse antes de sair de casa: "Fé é o pássaro que sente a luz e canta quando a madrugada é ainda escura". Dormiu.